sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Um tipo de aborto...

Diante de Ivan Lins, me calo:

BILHETE

Quebrei o teu prato, tranquei o meu quarto
Bebi teu licor
Arrumei a sala, já fiz tua mala
Pus no corredor
Eu limpei minha vida, te tirei do meu corpo
Te tirei das entranhas
Fiz um tipo de aborto
E por fim nosso caso acabou, está morto
Jogue a cópia da chave por debaixo da porta
Que é pra não ter motivo
De pensar numa volta
Fique junto dos teus
Boa sorte, adeus.

Ele já falou por mim.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Olhos d'água.

Não perceba:
quando fito teus olhos, mergulho em águas claras
verde olhar, a caminhos tão longínquos me levas;
invade minhas selvas.
De amor, crescem florestas no meu coração.
Então deixo-as crescer.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Serendipity

Não compreende o que eu falo ou sinto, diz que sou uma ET; será que com aqueles olhos ele me enxerga verde?
Despreza meu passado e sem nenhum pudor vislumbra em frases sem sentido nosso fantástico futuro. Debocha dos meu pontos de vista e me faz sentir muito melhor que sou.
Prega-me sustos, apavora-me com suas conclusões tão certas a meu respeito, despe-me dos meus escudos, dos meu medos, da minha auto-proteção. Fala, fala, fala tanto!
Ai, a parada na hora errada para respirar por entre tantas palavras, sou eu que perco o fôlego.
Promíscuos pensamentos invadem minha mente enquanto observo o rosto de anjo que discorre desenfreadamente sobre como aprendeu sozinho a tocar violão ou o quanto gosta de jogar futebol. Ouço des-lum-bra-da os teus sonhos de criança pura, boba. Outrora essa mesma criança me surpreende com tamanha responsabilidade e grandeza de espírito, qualidades tão características dos adultos, quando me fala do mundo com sua maneira singular de ver as coisas.
De repente, sinto-me mesmo uma extraterrestre de um planeta pertencente a outro universo, muito covarde para ir até o teu, tão novinho, tão distante. Tenho vontade de ser mais bonita quando te olho, enquanto te escuto seleciono mentalmente as palavras que usarei quando, enfim, te calares; acrescento-me novas virtudes todos os dia para, quando estiver preparada, adentrar mais confiante em teu mundo. Teu amor dá-me vontade de me cuidar, de me amar, de te amar. Te amar: quem sabe um dia quando essas correntes que me aprisionam neste castelo abandonado forem destruídas?
Enquanto elas não me libertam te ouço, deixo-te fazeres da minha segunda-feira o melhor dia da semana, encanto-me silenciosamente por teus ideais, e sinto que dessa forma, vagarosamente transformarei-me num ser terrestre, sem extras, sem pesos, sem correntes, nem amarras. Livre pra aproveitar teus dias, teu sorriso, teus sonhos. Embora eu saiba que talvez não estejas ainda aqui quando eu estiver liberta, é tua presença que tem me dado forças pra quebrar essas correntes, pra permanecer aqui e transformar tudo ao meu redor. Estou certa: um dia existirá amor, e ele crescerá como você, meu tesouro de criança.
Que o amor não resista à você, que eu não te perca, que o mundo seja um lugar melhor e que eu seja melhor ao teu lado!