domingo, 31 de julho de 2011

Um brinde ao que virá!

Chega de negar, de me fazer mais forte, de dizer pra mim que não é mais amor, que é apenas o hábito de ter alguém por perto.
Parei de iludir-me, dói, e dói mais ainda quando penso que coisas pequenas trouxe-me aqui. Então, tento pensar que tudo é aprendizado e as que as perdas me transformarão numa pessoa melhor e mais humana, esse talvez seja o caminho menos dolorido para que eu supere tudo e consiga realizar o que diz a música: "Levanta,sacode a poeira e dá a volta por cima¹". Dar a volta por cima parece algo vingativo, não é nesse sentido que falo, aliás não é disso que sou composta. Dar a volta por cima significa pra mim, desconstruir essas torres que de amor foram construídas ao meu redor - e que agora me impedem de ver o mundo -, reorganizar minha vida, reprogramar meu dia a dia, traçar novos planos, me abrir pra os ventos novos que, SIM, virão.
É só olhar pra trás, todas as vezes que eu abri meus braços para deixar a vida levar o que não mais me servia, recebi nesses mesmos braços o abraço do novo que chegava contaminando tudo de alegria. Eu cuidarei do meu jardim²...
Estar só, é antes de tudo uma oportunidade gigante de auto-análise, de repensar, de mudar e evoluir. Focarei nisso e quando eu pensar em fraquejar, desanimar ou desistir de mim, comemorarei o que ainda virá. E se demorar a vir, lembrarei que o que me espera está sendo meticulosamente preparado e que quando chegar vai potencializar a felicidade que já existirá em mim. Virá lindo, será lindo! E por isso trará flores nas mãos.
“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante".³

(¹) - Música volta por cima, conhecidíssima, do Noite Ilustrada.
(²) - Referência ao poema cuide do seu jardim do GRANDE Mário Quintana.
(³) - Fragmento retirado do livro de contos e crônicas do DIVINO Caio F. Abreu, intitulado "Os dragões não conhecem o paraíso".

sexta-feira, 29 de julho de 2011

...and please my day.

http://www.youtube.com/watch?v=WizgXUu8ZyI

"Eu quis te convencer, mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade"

Porque motivo seu Camelo sempre sempre sempre fala as coisas por mim?
#muitomeumomento.

Um dia esse cotovelo sara!

Coisas boas virão, graças aos céus ainda sei desvendar os ventos que me tocam!

No more tears

Há anos não enjoo meu próprio perfume, não troco de amores, não mudo meus hábitos. Existe dentro de mim algo em processo intenso, querendo tornar-se perpétuo, constante.
Quem em outro momento excitava-se com a ideia de liberdade, descoberta e conquista, agora renuncia a tais prazeres para dar espaço à tua permanente presença em minha estrada.
Ainda vejo tantos caminhos esperando ansiosamente por nós e há flores neles, surpresas, brilho nos olhos, encanto, músicas e muito amor. Em alguns trechos teremos desvios a fazer, paradas obrigatórias e ultrapassagens arriscadas, tudo será superado com amor. Porém, esses caminhos necessitam do seu sim para concretizarem-se, precisam do seu amor, da sua dedicação e envolvimento.
Eles existirão conforme formos passando por eles, embora ainda não consigamos vê-los.
Esse caminho é possível e outros também, basta apenas que haja amor e companheirismo. Nesse caminho não há lugar para egoísmo ou arrependimentos.
Pelo amor seremos conduzidos e conduziremo-nos. Por amor faremo-nos felizes. De amor seremos plenos, completos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Coração de vidro

Abri a porta e senti teu cheiro, fiquei tonta ao inspirar o ar tão profundamente num desejo tolo de guardar aquele cheiro em algum lugar dentro de mim. Afastei as cadeiras, sentei no sofá e continuei a respirar aqueles ares. Repentinamente brotaram flores por entre as cerâmicas - grandes tulipas azuis - e elas levaram teu cheiro, apagaram tua lembrança naquele momento. Levantei-me e acreditei que esses sinais tão irrefutáveis eram um presságio da tua visita. Corri para o banheiro, colhi as tulipas que se espalhavam pela sala e me afoguei daquele cheiro.
Em cima da cama, meu vestido novo, olhei-me no espelho e vi-me bonita. Os cabelos ainda molhados emolduravam meu rosto tão sereno e tranquilo. Sem pensar, coloquei o vestido, a sandália prata e um vinho na geladeira. Zelei para que tudo ficasse perfeito quando você chegasse, varri as raízes das tulipas, escondi as olheiras do meu rosto, pus um blues para tocar. Vesti-me de um perfume delicado e envolvente, abri a janela para que meu cheiro te buscasse onde quer que você estivesse. As horas passavam e aqui chegava toda sorte de gente, conversavam alto, pisavam as surpresas que plantei para você, ocupavam o espaço que te reservei...
Calmamente fui até meu quarto e novamente banhei-me de perfume, coração acelerado parecia dizer que aquela campainha tocando trazia você atrás da porta; corri e numa desesperada oração benzi-me olhando para o céu. Abri a porta de olhos fechados e sorriso aberto: tudo em vão. Atrás da porta tinham apenas cartas para os desconhecidos da sala. Tranquei-me no quarto ao lado e chorei até desfazer a máscara alegre que cobria meu rosto. Voltei ao meu quarto, despi-me vagarosamente das esperanças, dos sonhos, das ilusões, e numa tentativa de provar a mim mesma que tudo havia acabado, joguei contra a parede o perfume que me envolvia. Ficamos no chão, partidos em mil pedaços, agonizamos eu e os cacos, eu estou um caco; no chão fundi-me ao cheiro irritantemente forte, aos pedaços de mim e do meu coração de vidro que se quebrou.

domingo, 24 de julho de 2011

Alegria, meu nome é alegria.

Eu tenho vinte e três, ele dezenove.
Eu estou com o coração partido, ele ainda não sabe o que é ter coração.
Eu tenho a vida corrida, ele corre na praia.
Meu tempo se esvai, o dele é suficiente.
Tenho os olhos cansados, os dele são verdes.
Tenho estado sozinha, ele rodeado de pessoas.
Eu estava contemplando o mar, ele me contemplando.
Disse que gosta do meu olhar "agateado",
E eu disse que não sei o que isso significa.
Ele me diz que tenho o olho de gatinho, falou assim,
olhinho de china e sorriu.
Eu disse que o sorriso dele é contagiante,
e ele perguntou por que eu não sorri, então.

Eu saí da praia, ele mora lá.
Me disse que posso encontrá-lo sempre que precisar ser contagiada por sorrisos.
Então, eu sorri e fui.
Ele ficou.
Seu cheiro de juventude ficou em mim,
dobrei a esquina e ele me olhava, eu fingia não mais vê-lo.
Então, ele veio até mim, enquanto eu apressava meus passos.
Perguntou meu nome, eu disse que poderia me chamar de tristeza.
O dele é alegria, eu sei, nem perguntei...
Pediu que eu ficasse mais um pouco, neguei seu pedido.

Quando subi naquele ônibus e o vi me olhando,
tive vontade de descer e dizer que precisava ali, agora, ser contagiada,
mas, meus vinte três anos pesaram, decididamente,
procurei um lugar agradável e sentei-me,
sem esperanças, alegria ou tristeza.

Eu fui, ele ficou.